quarta-feira, 29 de julho de 2009

Grito nº 1

Em céu vermelho nasce o primogênito
'vida longa ao sangue real!'
filho de pai estéril e mãe dissimulada
o bastardo de opção.

Grandes façanhas, espera o povo
um fim aos tempo de morte
-paz eterna e felicidade em indiscutível conforto.

Por triste azar pronuncia o sábio após reunião com o conselho
como por costume sempre se fez
palavras ásperas como sempre são
"quinze anos de trevas e mais cinco de puro azul
só então fará claro o destino
por opção da minoria sem direito a muito pensar
o filho dos grandes mostrará o caminho
pelo qual passarão os herdeiros
solitários restos dos tempos de sangue"

E o povo escutou com orelhas em pé
a sentença do impiedoso juiz
que lhes tirava toda e qualquer esperança
e trazia apenas o mais puro pânico.

Mas, ainda assim, nada foi feito.

domingo, 26 de julho de 2009

Berserker

No bico da espada encontro sangue e nostalgia
pois nem 1000 anos de servidão me libertarão
nem 900 mortes serão o bastante
enquanto em minha mão houver a marca do guerreiro
assassino sanguinário de túnica azul
que usa honra como máscara e vergonha na greva
com peito frio de ferro e olho certeiro felino

De meus caminhos só sobram as memórias
infelizes dos que por sorte agora vagam como mendigos
catando as migalhas que os pombos deixam cair
e tomando banho na mesma lama onde nasceram
enquanto na pedra lhes recitarem o caminho
e do céu lhes lançarem o castigo

Em noite sou lobo e em dia sou fênix
não durmo e só como o que me pagam
meu pão e meu vinho são mais que sanctus
o legado que deixo escancara os céus e faz neles chover fogo

Berserker, gritam os anjos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hey ma'am

Hey ma'am, open the door
it's just another dose
won't hurt to make me happy
Too late, i know
but not enough, anyway
i just need a little more
then i can go home and rest

Hey ma'am, open the door
it's the last time i ask
don't i deserve to forget?
just gimme another shot
so i can rest in peace
and knock here no more

I wanna stop but they won't let
just sleep and be not remembered
never hold on to a fire again
But they just wanna see blood
and, unfortunately, not my turn
I keep watching with eyes closed
they turning arms into wings

I keep helping with my hands bleeding
they turn bullets into hearts
and there's no regret
in they're eyes

[solo]

So hey ma'am, won't you do that for me?
I'm just a man that wait and see
heads turning and falling so easily
for there's no real honor in being
and nothing more to see around here

Hey ma'am, won't you stop staring from the window?

Mutilação

Menino de fogo abre as asas pra esquecer
chora todos os gritos e grita tudo que fez
confessa e não perdoa, não seja amado por isso
mostra que não ama por calor e não voa porque já viu tudo
explica porque continua queimando e sumindo aos poucos
e dá um motivo à dor e à opção roubada
ilumina, menino.

domingo, 12 de julho de 2009

Guilty Flash

Like a paperplain that goes through the classroom without teacher's atention
just keep on throwing, keep on blowing, keep on going again
cause you never saw this, never tasted that, never had a chance
all at once in a single lone shot with eyes closed, you want it
yes, you want it
and now you know that
all over gain.

So you meet it, then you taste it, then you love it, then it's yours
and when there's just everything in order it goes away
keep the memory and then meet other
so you fuck it, then you burn it
and it breaks even in the last chance.
You got it all over again.

Now the show is over and you have to go
not your turn anymore.
How should you feel?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Réquiem

Se dorme e não sente mais frio fala comigo
arranca minha angústia e leva junto
leva que não quero e, se precisar, nego três vezes
e faço disso a base da tua capela.

Dorme em paz e não volta
pois o mal que me fez já não pode desfazer
por mais que eu não tenha rejeitado.

Não sei quando o manto escuro te levou
pois tudo que eu vejo é ele, pai,
socorre teu bastardo,
faz dele forte,
faz dele uma pedra,
não deixe pra tráz mas também não carregue,
me prove que ainda não fui
e se fui me castigue
pois a ira diminui e a pele fica mais áspera.

Não,
não me tira a escolha logo quando devo,
me deixa respirar, sai do meu peito
sai de uma vez só e arrasta toda a fumaça
sai e entra no dela, ela merece
pois ela não foi apedrejada e eu fui
eu não sou digno nem da indignidade de esquecer
eu sou uma pedra.

Não,
não me deixe sosinho quando vou embora,
não me deixe sofrer com minhas próprias escolhas,
não me deixe.
Não.

Coração em Dois

Libertação do peito é quebra e queima,
luz cegante que faz de dor asa e voa sem destino
em meio ao nada, escuro, verde e mais azul,
embora sobreponha e confirme-se vermelho que mais pode ver como cada momento escarlate de sangue e grito oco
sem boca e sem ar
coexistindo com palha de fogo, imagem de um momento só, corda de forca e fuga
queima até o resto.

E eu quero mais corpo, mais fonte de energia não renovável, mais vermelho, mais vôo, mais nada e menos ar
pois por todos os miseráveis atos randômicos aos quais fomos condenados recebemos nada além de em cada dia vermos terminar um mundo como o conhecemos
e apenas dormir com a pesada consciência
e apenas acordar com a tranquilidade de esquecer todos os sonhos e começar denovo.

Por isso digo que somos uma existência brilhante quando se fala sobre inexistir
e não nascerá deus forte o bastante pra nos derrubar.

Assim grito que, por mais que sejamos todos apartados por algum motivo aleatório,
estas letras e nós ainda seremos
enquanto houver memória.

domingo, 5 de julho de 2009