segunda-feira, 27 de abril de 2009

Doença

Sangrar por olhos, bocas e ouvidos
derrama ao chão
poças espaçadas de vermelho e vômito
ácidas como nem o capeta se atreve a beber.

Intruso

Esculpir em mesas tudo que bate à porta
com sede, frio e fome
acaba por terminar em sangue e risos
tudo o que no bar foi construído.
Então
por que não mais uma dose?

Mãe

O que sai do ventre não volta mais
cai no chão coberto de sangue
chora vivo pela pancada que não espera
e morre


cordão umbilical rasgado que não quer voltar.

Ácido

Versos escarrados não deixam viva pobre alma
corroem tudo com abismal ardor soprando forte
matam tudo que nasce-vive-respira-morre
e nada sobra pra contar a estória.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pincel e Tela

Encontram um único e só aspecto interessante...
aqui?...
Aqui?
Que tal em casais programados?
Que tal em amores rejeitados?
Em... tamanhos avantajados?...
Não, meus caros amigos. Vocês são apenas superficioescarrados...
telespectadores desavisados.
Tem uma sorte absurda...
vocês nem imaginam!
Não são uma história de amor
ou de sucesso
ou de arte...
não são herdeiros de um trono que não desejam.
Vocês conseguem ver?!
A idade das trevas é agora!
Ela ainda está aqui!
Mais que escuro é o silêncio!
Silêncio!
Me escutem que agora é a única chance!
Não importa o quão importante é, o quanto nos esforçamos por...
não importa todo o trabalho, a sincronia...
Nossa dança do renascimento
nunca terá um fim.
Não nessa prisão de tinta.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cruzes

Não vejo diferença
entre dias santos e de luto
por reis e assassinos,
entrem padres e pastores
por rezar, a missa e a comunhão
sengue derramado de nosso pai.

Sódedo

Não vale a pena mas vale a tinta
me basta escrever com os dedos
os que tenho e os que roubei.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pai

Sangue por sangue não se basta,
não satisfaz o atroz eu
em um buraco-de-cobras escuro
e si-lên-cios-o.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Apoio em Vento

Por onde começamos?
Por sons de rabiscos
Por fazer caminhos
De quem mal sabe andar
Linhas incertas de alguém-mais-eu

Ah, silêncio, como é grande o medo
de inspirar abismos, me perder no brilho
de quem seduz por não poder amar

Abafa grito, engole luz
Mais que silêncio é o escuro,
não sobra sombra que venha relatar em prantos
distorce o chão e torce a mente-eternamente-
sem mais, nem menos nem nada
(só essa dança cansada)

Ferimos carne-e-coração
Procurando espinhos em que pisar
Dessa pequena morte de nossos dias
acaba paz e, sei lá, nasce vida
nasce essa terna ilusão de que não somos homens,
somos chão.

E, enfim, assassinos do pai
E, mais uma vez, ao lado um desenho
dois, três...
rejeitados.
Tão cruéis nesse terno escuro-silêncio
nasce-mata-morre-cria
nada sobra.
Nem menos, nem nada.
Nem os rabiscos que a noite prometia
Imagens mórbidas de tudo-que-cuspi
não devem ser levadas a sério
Não enquanto mais ou menos nada
Não eterno
Não eu
Não

Não
Não eu
Não eterno
Não enquanto mais ou menos nada
não devem ser levadas a sério
Imagens mórbidas de tudo-que-cuspi
Nem os rabiscos que a noite prometia
Nem menos, nem nada.
nada sobra.
nasce-mata-morre-cria
Tão cruéis nesse terno escuro-silêncio
rejeitados.
dois, três...
E, mais uma vez, ao lado um desenho
E, enfim, assassinos do pai

somos chão.
nasce essa terna ilusão de que não somos homens,
acaba paz e, sei lá, nasce vida
Dessa pequena morte de nossos dias
Procurando espinhos em que pisar
Ferimos carne-e-coração

(só essa dança cansada)
sem mais, nem menos nem nada
distorce o chão e torce a mente-eternamente-
não sobra sombra que venha relatar em prantos
Mais que silêncio é o escuro,
Abafa grito, engole luz

de quem seduz por não poder amar
de inspirar abismos, me perder no brilho
Ah, silêncio, como é grande o medo

Linhas incertas de alguém-mais-eu
Por sons de rabiscos
Por fazer caminhos
De quem mal sabe andar
Por onde começamos?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eternizar

Sinto forte o bafo do ceifador
congelando peito e quebrando alma
treme meu pescoço e bate meu coração
e penso então como não entregaria
meu tudo ou nada por um segundo
um eterno e nada mais.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desejoar de mais

Tudo isso eu quero menos
menor nada que não me mate
e deixe ser mais ou menos contraditório,
olhar ambíguo e morto
de ser humano só e indiferente.

Tudo isso eu quero vivo
tão morto quanto agora
tanto azul que não me queira,
puro-e-terno-e-terno.

Não quero, quero nada
não e mais nada
mais quero só,
só espelho.

Diminuto.

Só.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Perfect as it is

We are all together now
Even if we don't know how
Time has bring we all here
Though we've always been so near

But the same good-mad time
Sent away the sweet old mine
Though our memory remain
We'll never be the same

Kill the stars and burn some wood
We're sure not in a good mood
You can go away and fly
Still we own the same sky

Not the house just fell apart
It made strong our single heart
Perfect is the uncomplete
Making louder the shy beat

Be us now while there's still time
Cause second chance died long ago
Only one is just enough
Just perfect as it is.

Normear

domingo, 12 de abril de 2009

Contraste 0

É o que sobrou do meu menthol.
Ah, o paraíso.

Nada

Faça um terço de tudo isso
que eu te rezo um-pai-nosso-dez-aves-marias-uma-glória
-ao-pai(que já não é mais meu)-e-jaculatória.
Cuidado pra não engravidar que nem nossa santa-mãe-de-graça.

Ambiguo-dent-idade

Seremos nós
assassinos do pai e estupradores da mãe
cadáveres fétidos de vista fraca
olhos azuis e dedos vermelhos
tão híbridos de nada e Nada?

Cacos de espelhos-ao-chão

Um caiu e tentei pegar:
não há monstro que seja tão hábil,
acabei por derrubar outro sem perceber.
Você recolheu ambos com linda e delicada destreza...
derrubei outro só pra ver denovo,
me arrependi e tentei pegar,
mais um caiu.
Por repetidas vezes você coletou.
Que será que pensou?
Será assim e não haverá
não-lugar-onde-coagule
teu sangue da ferida que causei,
minhas flores brancas cheias de espinhos.

Quando à superfície espelhada mostrar
o fundo tão espelhado quanto,
haverá entre tudo um eterno vazio e
em fim
continuaremos derrubando
tudo que inventamos
em um ciclo de eterna vingança
nas dores de essas todas páscoas
cheias de ovos frescos e mal e ditos
semanas profanas cheias de cacos
não vê-em.
Não crê-em.

sábado, 11 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

Chove,

A chuva levou tudo.
Nada sobrou.
Caiu e derreteu.
Tudo foi.
As memórias de um tempo que não foi também foram.
Tudo foi.
Caiu e derreteu.
Nada sobrou.
A chuva levou tudo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Cão de estimação

Cada nada que dia
diria que nada
há de relatar
o haverá nada para dizer "Ai!
Não toca que morde
arranca pedaço e enterra no jardim
corrente dentada não corre mas dói
e nada encontrará o osso
e nada roerá a unha
e nada"