segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Decadência

Em toda minha momentânea ausência ainda percebo
esta toda morte minha momentânea e ainda
vivo em pensar nos motivos de minhas faltas.
Pode ser o crime este
amar, viver, perecer; pensar
mas digo que por aí realmente fui
e não poderia ser se não assim.
Não eu.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sem descrição

Me faltam as forças de companhia ou estética
para atravessar o pântano e cortar a linha
cair no lodo, descer à máxima
alimentar ao peito o fim da satisfação

E quando for-me gritado o limite uniforme estaremos todos satisfeitos em quebrá-lo, sem idéia do que tiverem a falar.
Sem desculpas será o FIM.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quimera

Em uma de suas viagens, Mie encontrou abrigo em uma árvore modesta.

Entre os galhos finos da copa nada frondosa já moravam um macaco cego e um morcego hematófago.

O morcego não tinha asas; não saia da proteção da árvore por medo e não sugava a seiva por esta na árvore não ser mais abundante que o necessário pra manter as folhas. Sobrava ao macaco que, pela relação parasítica pseudo-simbiótica, envelheceu fraco e doente.

Mas o vampiro não se satisfazia.

O preço pela estadia era periódicas doações de sangue ao morcego- o que no início não era um problema; Mie gostava da localização da árvore e, embora fosse uma majestosa águia, sempre escondia as garras e fingia ser pardal para que não recebesse mais cobrança. De qualquer modo, em pouco tempo continuaria sua viagem.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Leben

Die Gewissheit; gnadenlos
Die Unklarheit; ein Schatten
Das Licht, ein Leben
Ein Schatten - sanfte Hoffnung.

Viver

A certeza; impiedosa
A incerteza; uma sombra
A luz; uma vida
Uma sombra- gentil esperança.

terça-feira, 23 de março de 2010

A Ponte

Já basta
pretender e atuar
Onde foi?
Deixe em paz
não vamos fingir que perdemos liberdade
Menos mentira, menos mentira
Vou tirar a máscara
não tente impedir - não resista
Atenção! Anteção!
É perigoso, mas vamos fazer com mãos dadas
Se não puder saber, acredite
Vamos tirar a máscara
relaxe, com calma, sem pressa
Deixe o espírito abraçar o animal
não resista, abra a jaula
Aproveite a transição
Menos mentira, menos tempo
É perigoso- vamos fazer de mãos dadas
mais homem, menos homem
Vamos atravessar a ponte
Cuidado, não flutue!
sinta com os pés a pedra e o barro
não olhe só pra frente
Pare! Não faça tudo como digo
tire a mão do meu ombro
você não precisa de bengala
Não vamos fingir que não somos livres
Vamos tirar a máscara agora
Volte! Volte! Vamos fazer denovo
Menos tempo, mais homem
não resista, abra a jaula
Pode ir antes, sem medo
vou ficar um pouco mais por aqui
aproveitando a transição
Pode ir antes, sem medo.