sábado, 28 de março de 2009

Seberá o Sabiá?

Acha que sabe, sabiá?
Sabe nada?
Sabe achar?
Sabe amor?
Acha que sabe sabiá?
Sabe saber?
Sabe que acha?
Sabe o assobio?
Acha que sabe?
Sabe ar?
Sei que você acha que sabe, sabia?
Sabiá?

Rios e peixes não são feitos de água
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nada pode fazer algo assim
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belo-e-sangrento
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como uma onda no lago
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debaixo de um céu de tudo isso
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mais mar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Detetive

"O assassino, das duas alguma, ou te mostra o corpo, ou deixa você descobrir onde está. Para chegar ao ator de tal hediondo ato, preciso de uma vítima. Manchas de sangue como essas não se bastam; falta osso, falta pele. A lista de suspeitos que me mostrou é muito extensa e detalhada, mas tenho noção de que poucos dos que estão aqui teriam capacidade para tanto", dizia o investigador para o estagiário que tomava notas. "Para superar tal miserável, preciso de mais experiências. Espero que me ajude nisso, meu caro K., não poderei seguir com o caso sem as preciosas notas que você toma" e olhou para o assistente, que continuava a tomar notas ignorando as interrupções, com admiração. "O que dificulta a investigação é essa sala-de-jantar fria e sem vida que não para de tremer. Ela não te incomoda?"

Mais poeta, vivo e morto

Por tudo que eu quero
e por mais que eu nada
e por tudo que eu cale
e por nada que eu fale
e por eu que mais tudo
e por tudo um segundo
em um mais por que mundo
só não podemos morrer.

domingo, 22 de março de 2009

Vergeblich

~Dia 2~
-Meu irmão, sem noção. Eu tô com uma porra dum cheiro forte nos dedos... você que andava reclamando disso há algum tempo... me diz o que fazer.
-Não tem o que fazer. Pegou o cheiro, já era. Gruda e não sai mais.
-Caralho, como você fez?
-Me acostumei. É isso. Não tem como desfazer.
-Poha, você é um bosta dum conformista mesmo. Vou ligar pra outra, aposto que ela vai me dar um raio de sol *bate o telefone*.
*liga*
Heey! Cara, tô com um problema sério: peguei um cheiro insuportável na ponta dos dedos...
-É só parar de usar que resolve.
-Mas eu não uso nada! Sou usado, isso sim.
-Você realmente se acha importante demais, né? Vai se foder *bate o telefone*
-Eu hein, no que ela anda pensando? *disca*
Tá difícil. Lembra do cheiro que você disse que ia pegar nos meus dedos? Pois é, tá insuportável. Não tem como voltar?
-Moleque... eu te avisei que isso ia acontecer. *desliga*

~Dia 5~
-Não, não, não. Eu já disse que eu não quero fazer isso! Sou viciado. É um vício masoquista e sádico que não é.
-Isso não existe, cara.
-Exatamente! Esse é o grande problema, entendeu?
-Você só pode estar me zoando...*desliga*
-Caralho, me escuta! Eu mereço ser escutado, merda. Não desligue assim... se ninguém me escutar o vício piora... vai continuar até alguém dar alguma atenção. É exatamente isso que ele não quer... quero tirar esse cheiro que não cansa...
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Que tal a sensação de incompleto?
Espero que tenham detestado.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Investigação

"Meu caro delegado," começou Mie, "admito que os matei. Mas não existem provas! Posso ser condenado por confessar? E se estiver mentindo? Posso ser condenado por mentir? Estão todos mentindo, sobretudo, o tempo todo!", fez uma pausa para respirar, mas a fez pequena demais. "Mesmo que fale nada, por falar nada estarei mentindo. Não sei como esconder algo que não existe. Realmente, há algo assim? Isso não se faria, por si só, surreal?", então, após repetir o mesmo monólogo frio e inumano por incontáveis vezes para o inerte delegado, concluiu: "E isso não passa de uma múltipla mentira surreal... ei! Não!", e o homem que há pouco estava plantado, duro à fronte de Mie, jazia no chão frio da sala-de-jantar. "Fiz denovo. Quando será? meus impulsos assassinos me deixarão alguma compania?", foi até o cadáver duro e salgado e o devorou com calma. "Tenho que cuidar dos monstros de debaixo-de-minha-pele."

quinta-feira, 12 de março de 2009

God Murderer in the Prision of Mud

I must give away
I must fly away
I must tell you what i don't want to say.
Give it up - one way
Speak it up - no way
You must tell tell me why you dont want to stay!

For her heart's own sake
For her hand's own sake
She must tell us when this shell will break
I don't want to see
I won't like to see
Mix your brains in mud and fell waht you're gonna be!

terça-feira, 10 de março de 2009

Correspondência

"Nada poderia ser dito em pior hora. Por que logo agora?!", disse Mie ao ler a primeira carta de sua correspôndencia, ainda em seus pijamas-infantis-esburacados-estampados-de-estrelas. "Mal logo leio e já não creio que alguém em perfeito estado possa ter escrito algo assim, tão superficialmente refletor. Mas concluo, embora não possa dar à minha pessoa tão escandalosa luxúria, que tal mensagem (se realmente o é) deve ter alguma finalidade plausível e digna do tempo que posso levar nessa mórbida empreitada..." e, após decididamente refletir por alguns segundos, concluiu com desânimo: "...ou podem ter me pregado uma peça de mal gosto. Afinal, estamos na época mais certamente fértil para esse tipo de insulto", amassou o papel manchado na forma de uma bola desajeitada e o atirou na pilha de cadáveres que um dia fora sua família e agora jazia imóvel no chão limpo e brilhante da sala-de-jantar. "Eu tenho que parar de fingir que me escutam."

Egoíscentro

Fotos gastas e ossos mordidos
Venenos mórbidos e NADA comestíveis
Isso não é nada!
Isso não é; nada!
O grito no escuro e o cadáver na luz
Relógios quebrados, trapos velhos rasgados
Isso não é nada!
Isso não é; nada!

Eu não posso sentir...
Eu não posso sentir!
Eu não posso; sentir... ir...

Eu não amo você.
Eu não amo; você!
Eu não amo você!

Eu não posso morrer...
Mais o santo morreu.
Mais o santo sofreu.
Mais o santo ferveu.

Mas agora acabou.
O deus novo chegou.
O espelho quebrou, a imagem voltou.

O agora morreu, agora morreu, agora é meu...
E eu não quero voltar.
Eu não quero dançar.
Eu não quero jogar.
Eu não quero amar.

Eu não quero agora...
Eu não quero agora.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Coração

Dentro de um Sonho
dentro de um sonho
Dentro de um sonho
dentro de um Sonho

A morte é SEMPRE pouca demais
O braço é SEMPRE fraco demais
A boca é SEMPRE seca demais

O tarde é SEMPRE, sempre demais
O sempre é SEMPRE, Tarde demais
O tempo é SEMPRE, tempo demais

E o pé amarrado é SEMPRE falso demais.

terça-feira, 3 de março de 2009

Bola de ferro, arranha céu

Ando pela rua de sempre, pensando como o sempre é sempre tão-tarde-demais
o mesmo café de sempre, o mesmo Menthol
mas o meu barato acabou, maldito e levementerefrescante
embora desça pesado
sempre me faz querer mais um.

Um a mais ou um a menos
não faz a menor diferença.
O Tudo é igual, é uma coisa só.

A única coisa que não me deixa é essa bola de ferro.
Cresce e fica cada vez mais difícil arrastar e respirar.
Tenho de escolher nessa merda.

Arranha céu, arranha chão
Câncer estúpido que não deixa opção.